Lobo Ibérico (Canis lupus signatus) (QA – Quase Ameaçada)
O lobo Ibérico (Canis lupus signatus) é uma das duas subespécies de lobo cinzento (Canis lupus), uma espécie que, outrora, se distribuía contiguamente, das regiões geladas da América do Norte a toda a Europa, passando pelo subcontinente Indiano e grande parte da Ásia.
A subespécie Ibérica, no entanto, como o nome indica, restringe-se à península com o mesmo nome, distribuindo-se de maneira desigual entre Portugal e Espanha e tendo, inclusive, diferentes estatutos de conservação nos dois países.
Estima-se que cerca de 2500 lobos, ¼ da população europeia, viva na península Ibérica, distribuindo-se principalmente, pelo centro e Norte da península, à excepção de uma pequena população isolada na Sierra Morena (Espanha) e ocasionais animais errantes ou migrantes entre populações. Em Portugal acredita-se que as populações residentes alberguem cerca de 300 lobos, sendo mais frequentes a Norte do Douro, mas podendo ser também encontrados nos distritos Beirões da Guarda, Castelo Branco, Viseu e Coimbra.
No âmbito geral da subespécie o estatuto de conservação é “quase ameaçado” mas existem grandes variações regionais. Em Portugal, o estatuto da espécie é de “em perigo” e a população Espanhola da Sierra Morena, que se acredita ter não mais de 50 lobos, está “criticamente em perigo”.
O lobo é uma espécie com uma tremenda capacidade de adaptação, vivendo em quase todos os climas e habitats. É também um caçador genérico, comendo uma grande variedade de alimentos, desde grandes mamíferos como o veado ou o javali, pequenos mamíferos como coelhos, ratos ou doninhas, vegetais, fungos ou invertebrados. É também necrófago, alimentando-se de carcaças de outros animais, se a elas tiver acesso. Assim, as maiores ameaças que o lobo enfrenta são as relacionadas com a actividade humana indirecta/acidental (atropelamentos, destruição e fragmentação de habitat, escassez de alimento), ou directamente, em situações de conflito (ataques a gado, caça, armadilhagem e veneno).
De facto, em Portugal e Espanha, o maior número de mortes registadas são mesmo de situações de conflito e resultam, quase sempre, da utilização ilegal de venenos ou armadilhas. A situação de conservação do lobo, não é ajudada, por uma forte componente cultural em que o animal lobo, adquire, para algumas populações humanas, um valor místico, sobrenatural, associado frequentemente com o Diabo da mitologia judaico-cristã e/ou como portador de má sorte.
O lobo Ibérico é ligeiramente menor que os demais lobos cinzentos, medindo em média entre 1,30m e 1,80 de comprimento, 70 cm de altura e pesando entre 25 a 40 kg. A pelagem varia sazonalmente, sendo mais clara de inverno e mais escura de verão, no entanto possui mais tons de castanho e amarelo quando comparada com os seus pares do Norte da Europa.
De seguida, deixo-vos alguns links com mais informação sobre o Lobo Ibérico, espécie ameaçada e de futuro incerto em Portugal:
- Grupo Lobo
- ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas)
- CRLI (Centro de Recuperação do Lobo Ibérico), Mafra
- IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza)
Nuno Soares