Serás sempre oceano a afogar-se em si
E entre os dias a memória da última gaivota
Serás sempre como um raio de sol na noite funda
Miragem
E quando quiserem vestir-te de outra carne que não a tua
Lembra-te que o sangue é teu
Hão de chamar-te louco
Mas terás nas noites todas as ruas do mundo.
Hão de querer-te sincero, mas só para os outros
Hão de querer que te sintas livre a cumprir regras
Que tenhas opiniões, mas só as deles…
Porque as utopias são más, ainda que os sonhos sejam bons…
Se sonhares quieto
Hão de querer-te na vida como a um gato
Um tigre que caça ratos de noite para dormir bem de dia
Mas ensinam-te a vertigem
Querem-te manso…
E com o tempo querem que esqueças as aves.
Não o permitas.
Lembra-te, o sangue é teu.
E revira a noite em madrugadas
O lamento que ensaias num grito forte
E canta.
Corre, mastiga todas as penas que possas
E se no fim te sentires cansado
Descansa sorrindo, por eles nunca se terem cansado.
Tiago Marcos