Herbert George Wells nasceu em Bromley, Inglaterra, a 21 de Setembro de 1866, o que fez deste senhor Virgem, segundo o zodíaco, e Coelho para os astrólogos Chineses. A combinação de Coelho Virgem é possivelmente responsável pela alta capacidade reprodutora que é reconhecida ao escritor que, para além de dois filhos de um dos dois casamentos que contraiu, tem-lhe atribuído mais 5 filhos de casos extraconjugais que foi mantendo nos longos e fastidiosos serões antes da popularização da televisão.
Mas para além de detentor de um faustoso bigode, quem foi H.G. Wells?

H.G. Wells foi um dos mais brilhantes escritores dos dois séculos em que viveu (nos quais não falta concorrência), autor, entre outras obras, de A Guerra dos Mundos, publicada em 1898 (sim aquela que deu filme de Spielberg em 2005 e que já tinha dado outro em 1953, uma série entre 1988 e 1990 e um musical em 1978) e que narra uma invasão marciana com recurso a máquinas de guerra de três pernas (tripods) que possuem no seu arsenal raios laser e armas químicas. Foi também o autor de A Máquina do Tempo, de 1895, obra em que um cavalheiro da época Vitoriana inventa e constrói um frigorífico… não, a sério, uma máquina do tempo e vive experiências surpreendentes no ano 802 701 d.C., antes de se aventurar mais nas profundezas do espaço-tempo. Este livro foi também adaptado não menos do que 3 vezes para cinema (a mais recente em 2002) e para um sem fim de outras artes. Destaco ainda o Homem Invisível que Wells publicou em 1897, a primeira aparição de Marvel e, quiçá de Griffin, que conta a história de um químico que descobre como tornar corpos invisíveis, tornando-se a si próprio invisível! Aparentemente a invisibilidade não traz tantas vantagens como se poderia supor e o cientista passa boa parte da narrativa a tentar, sem sucesso, reverter o processo de invisibilidade. Em A Ilha de Dr. Moreau (1896), Wells relata um cenário Dantesco em que, um padeiro… apanhei-vos outra vez, o Dr. Moreau era médico, cria criaturas humanoides, capazes de fala e de intelecto (daquele que os seres humanos normalmente não têm dificuldade em entender), a partir de animais.
Apesar de os quatro títulos referidos serem de ficção científica, estilo literário em que Wells é simultaneamente um pioneiro e um nome basilar, pela riqueza e qualidade da sua obra, Wells produziu ensaios científicos, filosóficos, romances, contos, narrativas de natureza histórica e pelo mérito dessa imensa produção viu-se entres os nomeados do prémio Nobel da literatura não menos que 4 vezes (1921, 1932, 1935 e 1946), distinção que acabou por nunca ganhar.
Para além da sua prolífica produção de livros e filhos, H.G. Wells destacou-se ainda como um apoiante de causas sociais, sendo um pacifista, fundador da The Diabetes Association (hoje Diabetes UK) e professor, sendo o seu mais célebre pupilo, o também escritor e poeta, Alan Alexander Milne, autor de Winnie the Pooh. Wells formou-se em Biologia e desenvolveu trabalho jornalístico durante boa parte da sua vida, sendo também um ávido desenhador.
Na memória da humanidade fica um escritor visionário, um enorme espírito crítico, a sua ideologia socialista de redistribuição da riqueza e combate à pobreza, o apoio aos que, como ele, sofriam e sofrem de diabetes e um número considerável de obras de grande valor, literário e social, que inspiraram e inspiram tantos em tantas diferentes facetas da actividade humana.
H.G. Wells padeceu de falta de vida a 13 de Agosto de 1946.
Nuno Soares